25/04/2010

Like A Rolling Stone, de Greil Marcus


Há 45 anos, durante uma prematura tempestade de verão em Nova Iorque, o rock’n’roll ganhava um de seus contornos definitivos.O dia 16 de Junho de 1965, e naquela tarde atípica, Bob Dylan inventou a canção pop com mais de três minutos. Um novo tema com quase seis minutos promoveu a génese de um modelo fora dos padrões daquilo que rolava na rádio das épocas, e consequentemente, também acabou por implodir com um dos principais fundamentos da rígida indústria fonográfica dos anos 60. Naquele período, uma canção pop não poderia tocar nas rádios ou se candidatar a single (o chamado compacto simples que era muito usado na época para promover álbuns). Hoje faixas com mais de três minutos inundam as FMs de todo o mundo.

As rádios foram obrigadas a tocá-la.

Até 1965, a competição entre o mundo das artes e o mundo real era vencido  pelo primeiro. Mas um garoto judeu americano de 24 anos, nascido em Duluth, Minessota, mexeu com os alicerces da juventude ao anunciar naquele ano que o mundo das guerras, do capitalismo, da pobreza, estava virando para sempre o jogo. Se John Lennon levou muitos louros por cravar que o sonho havia acabado – em 1970 – foi Robert Zimmerman, ou Bob Dylan, como o mundo o conheceria, que ao escrever Like a Rolling Stone cinco anos antes mostrou o decreto: o fim dos tempos da inocência.

Essa é a história que Greil Marcus conta no livro Like a Rolling Stone – Bob Dylan na encruzilhada.

Não é fácil materializar um livro sobre uma única música.O compositor escreveu Like A Rolling Stone quando morava numa cabana em Woodstock, inspirado no riff de La Bamba, que por sua vez, é baseada numa música de salão tradicional mexicana.

O livro é uma grande música, com citações, viagens ao passado e futuro, sem muita preocupação cronológica.

Like a Rolling Stone, a canção, não foi apenas a pedra fundamental do que seria a chamada contracultura. Foi uma pedra preciosa, um diamante que Bob Dylan começou a lapidar em 1964, quando, em It's all right, , garantia “even the president of the United States sometimes must have to stand naked” (até o presidente dos Estados Unidos às vezes tem de ficar nu). E Dylan não tinha bola de cristal para ver quão nus ficariam, em algum momento mais tarde, Lyndon Johnson, Richard Nixon, Bill Clinton ou George W. Bush.

A letra de Like a rolling Stone é a linha mestra do livro, e sua simplicidade inquieta – como, de um jeito tão simples, Dylan mostra que num dia o indivíduo está bem, em casa, vivendo a vida, e no dia seguinte ele está na sarjeta, entre junkies e viciados, no Vietname, ou sem emprego?

Num dos interessantes relatos sobre os efeitos da música em quem a ouvia, o genial Frank Zappa, então com 24 anos,. “Se as pessoas entenderem o que Dylan está dizendo tão claramente nessa canção, eu não terei mais nada a dizer”. Felizmente muitos entenderam Dylan, e Zappa mudou de ideia.

Quem era vivo nos anos 60 não deve deixar de ler. Quem não era também. Mas para estes últimos entenderem a canção de Greil Marcus é fundamental tocar o CD Highway 61 revisited, obra de Dylan que abre com Like a Rolling Stone.

é o que estou a fazer agora........

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